Mobilidade
- Maternidade Solo
- 12 de jun.
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É trágico observar que, em linhas gerais, apenas 2% das crianças mais pobres podem aspirar a alguma melhora significativa de condição social no Brasil. A mobilidade, aqui, está imóvel – e a quase totalidade daquelas crianças está condenada a repetir uma história de provação.
Parece ser evidente, outra vez, que somente a educação de qualidade poderia alterar esse quadro1 – e não ter as habilidades vindas do ensino adequado implica num futuro de subtrabalho e subvida.
Mas é difícil conceber a mudança, quando, para ter o básico de condições, a educação precisaria receber mais de 60 bilhões de reais adicionais por ano. Isso, para funcionar em período parcial2.
Também entre os pais parece haver consenso de que a educação em tempo integral deveria ser prioriedade na escola pública – necessidade que, dizem os especialistas, assume tom dramático ao nos lembrarmos da situação das mães solo, que precisam cuidar de tudo na família, inclusive do sustento3.
Nosso Coletivo tem feito o que pode – iniciamos, neste ano, o serviço de contraturno escolar, com foco na educação terapêutica, tudo absolutamente gratuito, com recursos doados pela sociedade civil. Sabemos que isso fará a diferença na vida de alguém.
Mobilidade social não é torcer para que alguém se mova entre classes sociais. Mobilidade social é nosso próprio movimento para fazer isso possível.
(Thaís Cassapian)
1 Folha de S. Paulo, edição de 06.06.25, “Menos de 2% das crianças pobres no Brasil atingem renda dos mais ricos quando adultas”.
2 Folha de S. Paulo, edição de 09.06.25, “Estudo aponta que educação básica precisaria de R$ 61,3 bi a mais este ano”.
3 Valor Econômico, edição de 09.06.25, “Pais defendem ensino integral na rede municipal”
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